O que pensamos nem sempre é ouvido por alguem...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Bobagens

É estranho ver o que ninguém mais ver.
Muitas vezes nem eu acredito nas coisas que vejo.Existem pessoas de todo tipo vivas ou não.
Não é pq uma pessoa respira que ela esta viva.Existem milhões de pessoas que pensam estarem vivas mais não passa de gente morta comendo, bebendo, dormindo pois não tornam reais as suas vidas.Eles tem um corpo mais estão mortos ou como diria uma amiga minha sub-existem.Então se assim é, porque é tão difícil aceitar que alguém que não tem um corpo ou matéria substancial realmente não existe...
Sei lá, as pessoas complicam as coisas ou eu que sou simples demais , de qualquer forma não importa as coisas vão continuar como estão né? ou não...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Pensamentos sonoros de minha avó materna

Eu estava sentada, menina sem ter o que fazer dessas que ainda hoje encontramos no interior de qualquer estado, quando ela passou... Cabelos soltos,olhar de quem nada temi, desejei ser grande, desejei ser ela, mas não era. Ela era ela! Nossa como eu parava para olhá-la passar, viveria infinitos dias a contemplar aquele andar, os ventos na roupa solta, a firmeza nos passos cuidadosos e aqueles olhos de quem não tinha medo da vida. Algumas vezes eles paravam nos meus, junto com eles a voz rouca, mansa, de quem realmente tinha usado-a durante toda a vida. Minha avó mesmo aos 92 anos de idade se fazia notavelmente visível e imponente. Certo dia ela se sentou como fazia algumas vezes, ajeito as vestes e me contou o seguinte:

''Eu queria ser atriz, me diverti e brincar pelo mundo, papai não deixava,dizia que moça direita casava e tinha filhos, que eu tinha que arrumar um noivo e ter minha família. Naquele tempo as coisas não eram como é hoje e a palavra do pai era lei, quanta bobagem, perdi minha juventude ouvindo um homem que só repetia o que havia ouvido do pai dele, achei graça disso com o passar do tempo mais era verdade, porém o que eu poderia fazer rebelar-me? Moça de família obedecia ao pai e eu como tal teria que fazer o mesmo, mas o dia de carnaval era diferente para mim e para papai. Eu extrapolava minhas vontades, costurava as fazendas de minha escolha, penteava meus cabelos ao meu gosto, passava carmim nos lábios e ia à rua, becos, esquinas e bailes sentindo-me rainha das fitas que rolavam nas matines. Se disserem que era bobagem minha ou coisa de menina, acredito que eram as duas coisas mais isso me fazia tão feliz.
Toda a algazarra, a banda, a musica, o lança perfume que me deixava muito perfumada e molhava meu vestido, a dança, as minhas amigas, realmente a folia me fazia bem. Lembro que papai se sentia menos culpado do não que me dizia toda vez que falava do meu desejo de ser atriz e conhecer o mundo quando me pegava na porta do baile muito satisfeita de ter brincado meu carnaval. Era um bom homem meu pai, pena que nasce no tempo errado como costumo dizer mais com vc meu bem será diferente eu garanto.

Levantava sempre depois de me contar uma de suas historias e pedia para ficar só, não sei até hoje se para chorar suas magoas, rever seus fantasmas ou reviver seus prazeres novamente. De tudo o que ficou pra mim é que hoje eu posso fazer tudo segundo ela pena que minha covardia não deixa. (risos)

Sub-traindo.

Em toda soma se ganha? Acredito que não. De repente e não mais que isso parei de somar. Comecei então a subtrair as coisas, troquei meus livros no sebo por outros mais velhos e até então desconhecidos por mim, troquei velhos amigos por outros mais velhos ainda mas que estavam guardados em meu coração, tirei os velhos sonhos, guardei os menos usados lá nas gavetas da alma para quando eles vierem a mim sejam maiores que eu e possam em fim se libertar.Joguei fora sapatos, vestidos, idéias, cantigas,musicas, sentimentos e pessoas tudo na esperança de ter mais espaço interno.Sub-traindo muitas coisas mais uma vez, para quem sabe eu poder caber dentro de mim.